conecte-se conosco




SAÚDE

Empresa brasileira quer vender tratamento contra câncer 80% mais barato

Publicado

em

Uma empresa brasileira planeja lançar uma modalidade de tratamento contra o câncer que custa apenas um quinto do que é cobrado hoje. O plano, em curso já há alguns anos, é fazer uma versão própria e com estrutura distinta de moléculas de sucesso de grandes farmacêuticas como a Bristol Myers-Squibb (BMS), dona do Opdivo (nivolumabe) e do Yervoy (ipilimumabe), e da MSD (Merck, nos EUA), proprietária do Keytruda (pembrolizumabe).

As alternativas são estudadas pela Recepta Biopharma, empresa que nasceu da junção de cientistas ligados ao Instituto Ludwig de Pesquisas sobre o Câncer e empresários, e que é voltada ao desenvolvimento dos chamados anticorpos monoclonais -moléculas cuja nomenclatura termina em “mabe” ou “mab”, de “monoclonal antibody”, em inglês. Anticorpos monoclonais têm estrutura semelhante aos anticorpos produzidos pelo organismo de diversos animais, que têm como função geralmente atacar moléculas presentes em organismos ou estruturas invasoras. No caso, porém, os anticorpos monoclonais são fabricados para atacar uma região específica de determinado alvo, como um ímã que se gruda à parte metálica de um objeto.

No caso do ipilimumabe, o alvo é uma estrutura que recebe o nome de CTLA-4. Já o alvo do nivolumabe e do pembrolizumabe é o chamado PD1. Tanto o CTLA-4 quanto o PD1 são proteínas presentes em células de defesa e que normalmente têm o papel de frear a ação do sistema imunológico do organismo, impedindo reações indesejadas e que podem desencadear doenças autoimunes (como artrite reumatoide e lúpus).

Só que cientistas descobriram há alguns anos (e o achado rendeu o Nobel de Medicina de 2018) que ao atrapalhar o funcionamento normal dessas proteínas era possível melhorar a resposta do sistema imune contra tumor, aumentando a chance de remissão e prolongando a vida de pacientes com câncer. Um dos grandes problemas no momento é o acesso. Para um paciente de 80 kg, elas podem custar R$ 400 mil por ano aos cofres públicos -no caso, muitas vezes o acesso se dá por via judicial e o tratamento pode durar dois anos.

Se tudo der certo com os estudos de suas moléculas anti-PD1 e anti-CTLA-4, a expectativa da Recepta é lançá-las no mercado nacional nos próximos anos com valor de até 20% das demais. Para desenvolvimento desses medicamentos, além do financiamento da Finep e do BNDES, hoje sócias da Recepta, e de dinheiro para pesquisa de agências como CNPq e Fapesp, houve parcerias com universidades como USP e Unifesp e com instituições estrangeiras, como a empresa de biotecnologia Agenus, que está testando nos EUA as moléculas. O primeiro alvo é o câncer de colo de útero.

Pelo acordo, a Agenus detém os direitos de comercializar a droga fora do Brasil, com a obrigação conduzir os testes pré-clínicos (em células e em animais) e clínicos iniciais, ou seja, quando são verificadas toxicidade e dosagem adequada (em pacientes saudáveis). Havendo lançamento, a empresa brasileira receberá royalties sobre as vendas.

Em oito pacientes que participaram dos testes, duas tiveram melhora e em outras duas a doença não progrediu, o que pode ser descrito como 25% de eficácia e 50% de benefício clínico. O resultado preliminar, apresentado no congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Médica, deixou empolgado o diretor-presidente da Recepta, o físico Fernando Perez, especialmente tendo em vista que tratamentos não cirúrgicos para a doença -empregados em casos avançados- são pouco eficazes, com respostas em menos de 15% das pacientes.

Na verdade, explica Perez, alguns ensaios clínicos atualmente são de fase 1/2, ou seja, concomitantemente já é possível recrutar pacientes para tentar obter informações sobre segurança, dosagem ideal (isso em voluntários saudáveis) e até mesmo de eficácia contra a doença (em pacientes que já passaram por outras abordagens terapêuticas).

Nesses casos, a droga pode chegar ao mercado logo na sequência, sem passar pela fase 3, geralmente a última antes do lançamento, com centenas ou milhares de pacientes. “As agências fazem isso como forma de responder a necessidades de saúde da população. Não dá para ficar sentado em um arcabouço regulatório”, diz o físico, que almeja trilhar um caminho mais ágil para o registro. A meta agora é realizar testes com pacientes brasileiras. No momento, a documentação aguarda aprovação na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Uma das causas mais importantes de câncer de colo de útero, que atinge 16 mil brasileiras ao ano, é o HPV, contra o qual existe vacina, mas mesmo assim será necessário tratar mulheres por décadas, diz a diretora médica da Recepta, Sonia Dainesi. A iniciativa é bem recebida por oncologistas, entre eles Gilberto Lopes, professor da Universidade de Miami e editor-chefe do periódico científico Journal of Global Oncology.

“Vejo com bons olhos uma companhia brasileira desenvolvendo [um tratamento] contra o câncer cervical uterino. É uma doença prevalente no território nacional, em especial em comunidades carentes, e ao redor do mundo. O desenvolvimento dessas moléculas, no entanto, é longo e ainda há inúmeras barreiras a serem vencidas”, diz.

A Recepta planeja também iniciar testes contra linfoma e melanoma. Esse câncer de pele é um dos que melhor respondem às terapias anti-PD1, com taxas de sobrevida que podem superar 60% após cinco anos (considerando uma combinação de anticorpos), ao passo que esse mesmo índice para os tratamentos convencionais, como aquele com o quimioterápico dacarbazina, chega a 6%. Já para o linfoma de Hodgkin, espera-se gerar uma alternativa para os 20% que não respondem a tratamentos como transplante de medula e quimioterapia, diz Perez.

Compartilhe
CONTINUE LENDO

SAÚDE

Fiocruz: internações por gripe e vírus sincicial aumentam no país

O boletim aponta ainda para queda dos casos de covid-19, com alguns estados em estabilidade.

Compartilhe

Publicado

em

Foto: Tomaz Silva / Agência Brasil

O Boletim InfoGripe, divulgado nesta semana pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), chama atenção para alta das internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), causadas principalmente pelo vírus sincicial respiratório (VSR) e a influenza A, o vírus da gripe. O boletim aponta ainda para queda dos casos de covid-19, com alguns estados em estabilidade.

Nas últimas quatro semanas, do total de casos de síndromes respiratórias, 54,9% foram por vírus sincicial e 20,8% por influenza A. Entre as mortes, os dois vírus são os mais presentes. Conforme o boletim, as mortes associadas ao vírus da gripe estão se aproximando das mortes em função da Covid-19, “por conta da diferença do quadro de diminuição da Covid-19 e aumento de casos de influenza”.

Desde o início de 2024, foram registrados 2.322 óbitos por síndrome respiratória grave no país.

O coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, alerta para a importância da vacinação contra a gripe, em andamento no país, como forma de evitar as formas graves da doença. “A vacina da gripe, como a vacina da covid, têm como foco diminuir o risco de agravamento de um resfriado, que pode resultar numa internação e até, eventualmente, uma morte. Ou seja, a vacina é simplesmente fundamental”, alerta, conforme publicação da Fiocruz.

De acordo com o levantamento, 20 estados e o Distrito Federal apresentam tendência de aumento de SRAG no longo prazo: Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Sergipe, São Paulo e Tocantins.

Agência Brasil

Compartilhe
CONTINUE LENDO

SAÚDE

Brasil integra rede da OMS para monitoramento de coronavírus

A CoViNet reúne 36 laboratórios de 21 países

Compartilhe

Publicado

em

O Brasil passou a integrar um grupo internacional de monitoramento dos diferentes tipos de coronavírus. A rede de laboratórios, chamada de CoViNet, tem como objetivo identificar novas cepas que possam representar riscos para a saúde pública, além de buscar se antecipar a uma nova pandemia. 

A CoViNet reúne 36 laboratórios de 21 países e é um desdobramento da rede de laboratórios de referência estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no início da pandemia de covid-19. O Brasil é representado pelo Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).

No final de 2023, a OMS decidiu ampliar e consolidar a rede formada durante a pandemia e lançou uma chamada para laboratórios de todo o mundo. O laboratório do IOC/Fiocruz foi um dos selecionados para compor a CoViNet. 

Segundo o IOC/Fiocruz, os dados gerados pelo CoViNet irão orientar o trabalho dos Grupos Técnicos Consultivos sobre Evolução Viral (TAG-VE) e de Composição de Vacinas (TAG-CO-VAC) da Organização, garantindo que as políticas e ferramentas de saúde global estejam embasadas nas informações científicas mais recentes e precisas.

Metro1

Compartilhe
CONTINUE LENDO

SAÚDE

Casos de síndrome respiratória aguda grave sobem no país, diz Fiocruz

Quadro é decorrente do crescimento de diferentes vírus respiratórios.

Compartilhe

Publicado

em

Foto: BBC

O boletim InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgado nesta quinta-feira (28) aponta que os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) aumentaram em crianças, jovens e adultos em todo o país. O quadro é decorrente do crescimento, em diversos estados, de diferentes vírus respiratórios como influenza (gripe), vírus sincicial respiratório (VSR) e rinovírus.

O boletim indica também uma tendência de queda de casos de SRAG na população a partir dos 50 anos de idade, devido à diminuição dos casos de Covid-19 nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, e também de redução dos casos na região Sul.

De acordo com o coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes essa conjuntura mascara o crescimento dos casos de SRAG pelos demais vírus respiratórios nessas faixas etárias, especialmente aqueles associados ao vírus influenza A. “Esse cenário é fundamentalmente igual ao da semana passada. Manutenção de queda nas internações associadas à Covid-19 no Centro-sul, contrastando com o aumento de VSR e rinovírus em praticamente todo o país (incluindo o Centro-sul) e influenza A no Norte, Nordeste, Sudeste e Sul”, explicou.

Nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, quando se estuda o total de novas internações por SRAG, sem a análise por faixa etária, observa-se cenário de estabilidade. Gomes avalia que, na verdade, esse quadro decorre da queda na Covid-19, camuflando o aumento nas internações pelos demais vírus respiratórios.

“Se olhamos apenas para as crianças, onde principalmente o VSR e o rinovírus estão mais presentes nas internações, vemos claramente o sinal de aumento expressivo de SRAG”, explica o pesquisador. Ele também destaca a importância dos cuidados para a prevenção. “Em casos de infecções respiratórias, sintomas de gripe e resfriados, deve-se procurar encaminhamento médico, além de manter repouso e usar uma boa máscara sempre que precisar sair de casa. A vacinação também é fundamental. A vacina da gripe está disponível em diversos locais”.

Mortalidade

A incidência de SRAG por Covid-19 mantém o cenário de maior impacto nas crianças de até dois anos e idosos a partir de 65 anos de idade. O aumento da circulação do VSR tem gerado crescimento expressivo da incidência de SRAG nas crianças pequenas, superando aquela associada à Covid-19 nessa faixa etária. Outros vírus respiratórios com destaque para a incidência de SRAG nas crianças pequenas continuam sendo o Sars-CoV-2 (Covid-19) e rinovírus. Já o vírus influenza vem aumentando a incidência de SRAG em crianças, pré-adolescentes e idosos. Quanto à mortalidade por de SRAG tem se mantido significativamente mais elevada nos idosos, com amplo predomínio de Covid-19.

Ao todo, 23 capitais do país apresentam crescimento nos casos de SRAG: Aracaju (SE), Belém (PA), plano piloto e arredores de Brasília (DF), Campo Grande (MS), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), João Pessoa (PB), Macapá (AP), Maceió (AL), Manaus (AM), Natal (RN), Palmas (TO), Porto Alegre (RS), Porto Velho (RO), Recife (PE), Rio Branco (AC), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Luís (MA), Teresina (PI) e Vitória (ES).

Agência Brasil

Compartilhe
CONTINUE LENDO

Mais Lidas